EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
(CAPÍTULO 13, ITEM 9º)
"... Desejo
compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem
praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é
a mais difícil de exercer-se.
A
caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas
e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por
agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber
calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de
caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se
escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de
desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se
supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real,
estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do
ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar
atenção ao mau proceder de outrem é caridade moral.
Essa
caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém,
cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso
semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende
presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito
que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior
à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por
felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno,
tenho agora de implorar auxílio.
Lembrai-vos
de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso,
antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que
sofrem e orai.
Irmã Rosália. (Paris, 1860.)"